quarta-feira, 13 de abril de 2011

SOBRE UMA POESIA

          Certa vez recebi um poema, sem saber o porquê. E fiquei feliz por imaginar que, de alguma maneira, havia conquistado o carinho de quem me mandou. Meus olhos brilhavam, eu sorria. Era um gesto lindo de alguém que, sem saber, eu acho, já era muito importante para mim naquela época. Fazia parte dos meus dias. Sem falar com ela, o dia não era o mesmo.
          Tempo depois, em uma de nossas conversas, descobrimos conhecer alguém em comum. Alguém que, um pouco mais tarde, eu viria a saber que era a autora desse poema. E mais: que, mesmo com essa troca de remetentes, eu, ainda assim, poderia ser um dos destinatários.
          Tive de reler o mesmo. Reli vezes e vezes, nos dois momentos (quando recebi e quando soube da autoria). Parecia que recebi o mesmo poema duas vezes (logo, um gesto “duplamente” lindo) e que, assim, ele trazia em si diferentes significações. Nunca havia me ocorrido isso.
          Entre uma e outra interpretações, perguntava-me: como e por que isso foi acontecer?! Mas não adiantava de nada perguntar. O interessante era pensar: não conquistei o carinho de uma. Conquistei, de algum modo, o carinho de duas pessoas com as quais também tento ser, sempre, carinhosa, “do meu jeito”, às vezes suave, às vezes calmo, às vezes brigão, às vezes chato, às vezes incisivo, às vezes... Enfim, do meu jeito errante.

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