Ela se aproximava com passos curtos
E eu a observava
Vinha devagar, com semblante calmo
E eu a observava
Vinha como quem não quer nada
E eu a observava
Subia os degraus daquela pequena escada
E eu a observava
Olhava para o chão e para frente
E eu a observava
Ao fim dos degraus, repuxou a boca para a direita
Deu aquela entortadinha com os lábios que a deixa tão moleca
E eu a observava
Vi uma covinha formar-se em sua face,
Seu singelo rosto de menina-mulher pensativa
Eu a observava
E ela não me via
Fotografada com olhares,
revelada com palavras
(eis a foto dessa menina em movimento)
Ela não me via
Mas me ouvia
Chamei-a sem seu nome dizer
Ela olhou para o lado
E nossos olhares se fotografaram
Num instante os flashes luziram em sorrisos abertos
Nossos olhares se encontraram
Sorrimos e nos abraçamos
Um abraço apertado
de uma amizade cultivada (quem sabe?) em outras vidas
Um abraço que traduzia “te-adoros” ditos
Um abraço de profunda identificação...
Quão bom foi aquele primeiro instante,
o primeiro instante em que a vi!
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